sábado, 15 de novembro de 2008

ALGUMAS BREVES NOÇÕES...

Nas artimanhas da presente temporalidade existem possibilidades e interconexões que sinalizam outras formas de ver e narrar o espaço educacional. Estamos inseridos num contexto ambíguo, nefasto, maleável, transitório, líquido e de incertezas do porvir. É possível argumentar que a sociedade contemporânea solicita aos seus membros a permissividade de estar presente, de estar atento, ou ao lado de uma gama informacional imensurável. As transformações tecnológicas, os avanços científicos, as bio-descobertas, as comunidades virtuais, deslocam os sujeitos de um espaço concreto, para um espaço tangencial.
Neste cenário configuram-se proliferações culturais híbridas, as malhas sociais estabelecem formas de ser e de agir que se entrelaçam aos mais variados contextos e realidades. Nos encontramos como párticipes das eleições norte-americanas, questionamos a situação de miserabilidade africana, presenciamos incrédulos a deflagração da crise econômica mundial, acionamos a autodefesa sobre as guerras étnicas e religiosas que assolam populações inteiras, nos auto-definimos sujeitos democráticos instituindo programas de acessibilidade e propostas inclusivas porém, camuflamos nosso ceticismo perante essas diferentes realidades pela fragilidade de nossos argumentos inconsistentes.
Trazer para dentro das discussões educacionais estas questões, dentre outras, permite compreender que a escola se torna o espaço onde se deslocam as variantes epistemológicas que ditam aquilo que é favorável e aquilo que deve ser dispensado do cotidiano e dos planejamentos educacionais. Dentro desse ambiente, o currículo é o centro de proliferação e irradiação das propostas lançadas pela sociedade do controle, onde, o sujeito passa a ser vigiado em sua produtividade, em sua eficácia e docilidade. A investigação, a pesquisa, a problematização de posições hierárquicas, de estratégias herméticas e convenções historicamente estabelecidas no espaço educacional, requer emaranhar-se num complexo cenário, de certa forma, nebuloso, ou então, ambíguo.
Para efetivar algumas discussões dentro da proposta de uma pedagogia contemporânea que respeita as diferenças, é necessário estar disposto a questionar o que está nos bastidores dos acontecimentos sociais e das problematizações empreendidas na escola. Não basta um olhar atento, é necessário abrir-se ao novo, ao diferente, ao desconhecido, sendo isso, o âmago do rigor científico. Percebo que inúmeras vezes nos deixamos conduzir pelo senso comum, pela informação superficial e parcial, sem nos determos em maiores questionamentos e enfrentamentos, abdicando de prováveis constrangimentos. Isso está fortemente enraizado no currículo escolar, nas metodologias, nas estratégias de atuação e acaba fabricando sujeitos insossos, sem opinião própria, plagiadores de idéias e formas de se manifestar.
Diante da possibilidade de pesquisa, de enfrentamento, o autor, professor, pesquisador, busca artefatos, circunstancias que orientam e norteiam condições de suspeita, condições de instabilidade, condições de insatisfação. Entendo portanto, de forma breve, e quem sabe contundente, que dispor-se a pesquisar, solicita uma insatisfação do pesquisador referente àquilo que está posto, aquilo que se “diz ser bom”, aquilo que se quer almejar. Isso orienta também o trabalho em Educação Especial, a insatisfação, a incerteza do porvir, mas o desejo de trazer para a superfície o que está camuflado pelos discursos normativos.

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