quinta-feira, 4 de junho de 2009

...FRAGMENTOS...
...um fragmento de minha história...
...o que seria esse fragmento de minha história...
...seria ele um começo?
...o que compreendo pelo começo?
...de que trata esse começo?
...seria esse começo uma emergência?
...emergência do que?
...emergência de uma discursividade?
...seria esse fragmento um deslocamento continuo?
...ou quem sabe seria esse fragmento um acontecimento?
...acredito que esse fragmento de minha história seja um aglomerado de reticências...
...um começo som começo definido...
...um início sem conhecimentos delimitados...
...um conhecimento do nada? do senso comum? do niilismo?
...um transcurso deslocado...desconfigurado...desconexo...fragmentado...
...caminhos confusos...pequenas sensações...emoções...
...algumas tentativas...
...tentativas para conhecer o campo da Educação especial...diferentes buscas neste território amplo...deslocamentos no espaço da deficiência mental...inserção no campo da Síndrome de Down...tateando na língua de
sinais...uma ruptura...um deslocamento...pesquisas...leituras...questionamentos...
...problematizações na, sobre e com a Educação de Surdos...
...inclinações aos Estudos Culturais...
...noções pós-estruturalistas...
...leituras...releituras...contra leituras...
...breves proposições...considerações principiantes...alguns questionamentos...
...uma inserção...um lócus...um espaço...uma sala de aula...uma escola de surdos...
...o estágio...a efetivação profissional...
...um período...experiências...evidências...possibilidades...tensões...
...enfrentamentos...questionamentos...buscas...incompletude...
...outras buscas...outras tensões...outros lugares...
...espaços...sujeitos...leituras...pensamentos...possibilidades...
...um outro momento...um outro espaço...a pesquisa...
Assim, através dessas palavras tento trazer parte daquilo que fui constituindo e que constituiu na Educação de surdos.
ELIAS, Norbert. O Processo Civilizador: uma história dos costumes. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994. v.1.Prefácio. p.13-20.

Norbert Elias nasceu em Breslau/Alemanha em 22 de junho de 1897, e faleceu em Amsterdã, 1 de agosto de 1990. Elias foi um sociólogo alemão nascido numa família judaica, ele teve de fugir da Alemanha nazista exilando-se em 1933 na França antes de se estabelecer na Inglaterra onde passou grande parte de sua carreira. Seus trabalhos em alemão tardaram a ser reconhecidos, e ele viveu de forma precária em Londres antes de obter em 1954 um posto de professor na Universidade de Leicester.
No livro O Processo Civilizador, Norbert Elias analisa os tipos de comportamento considerados típicos do homem civilizado Ocidental, ele traça os hábitos Europeus, ou seja, a estrutura psíquica individual moldada pelas atitudes sociais. Elias nos deixa diante da questão da “civilidade” dos sujeitos, tendo em vista, que o “homem ocidental nem sempre se comportou da maneira que estamos acostumados a considerar como típica ou como sinal do homem ‘civilizado’” (p.13).
Ao nos reportarmos às configurações de nossa sociedade em períodos remotos é possível perceber que a noção de civilização tomava outras conotações, outras formas, outras compreensões. Assim, em sua reflexão, Elias lança as seguintes questões:”Como ocorreu realmente essa mudança, esse processo ‘civilizador’ do Ocidente? Em que consistiu? Quais foram suas causas ou forças motivadoras?” (p.13). Neste sentido, Elias busca examinar os significados e entendimentos atribuídos ao conceito de “civilização” na Alemanha e na França. A partir desta distinção é possível compreender como os alemães vem interpretando o comportamento dos ingleses e franceses, e como os franceses e ingleses interpretam o comportamento doa alemães.
Para que se torne possível abordar as principais questões que envolvem o processo civilizador, é preciso compreender como o comportamento e a vida afetiva dos povos mudou após a Idade Média. No segundo capítulo do livro é possível compreender o processo psíquico civilizador, sendo que, as idéias básicas do livro adquirem forma na observação constante que Elias realiza dos fatos históricos e na verificação constante do que foi estudado antes. Por isso, o segundo capítulo traz uma série de exemplos para mostrar o papel fundamental, por exemplo, desempenhado neste processo civilizador por uma mudança muito específica nos sentimentos de vergonha e delicadeza. Muda o padrão do que a sociedade exige e proíbe.

Outra questão que se desenvolve na investigação de Elias é o aumento da distância em comportamento e estrutura psíquica total entre crianças e adultos no processo civilizatório, ou seja, a diferença de processo civilizador que as sociedades atingiram. Neste segundo capítulo Elias demonstra com muita clareza que o processo especifico de crescimento psicológico nas sociedades ocidentais, nada mais é do que o processo civilizador individual a que todos jovens, como resultado de um processo civilizador social operante durante muitos séculos, são automaticamente submetidos desde a mais tenra infância, em maior ou menor grau, com maior ou menor sucesso.
No terceiro capítulo Elias busca tornar mais compreensíveis certos processos há muito tempo operantes nesta longa história da sociedade. Elias procura esclarecer como e porque no curso da sua história a estrutura da sociedade ocidental muda continuamente, e simultaneamente sugere porque nessas mesmas áreas, mudam o padrão de comportamento e a constituição psíquica dos povos do Ocidente. O que de maneira simples e clara Elias pretende apresentar, são as ligações entre mudanças na estrutura da sociedade e mudanças na estrutura do comportamento e da constituição psíquica.

A partir desse breve, e quem sabe, complexo esboço, intrincado de limitações, contradições e impossibilidades é pertinente trazer esta obra aos olhos daqueles, que como eu, se lançam aos caminhos investigativos, principalmente no campo dos Estudos Culturais, para que se possa acompanhar um estudo rigoroso, criterioso, e entremeado de fatos corriqueiros na constituição do processo civilizador da sociedade. Isso possibilita um olhar atento aos fatos, aos detalhes, aos mínimos movimentos e pequenas condições de possibilidade que interferiram na organização e constituição daquilo que chamamos, ou convencionalmente somos conduzidos a chamar e compreender como “sociedade civilizada”. Na leitura breve do prefácio e da introdução, bem como, de algumas páginas dos capítulos I e II da obra em análise muitas questões se fizeram presentes, muitos fatos se tornaram mais claros, e com certeza, muitos olhares de estranheza perpassaram essa leitura. Diante disso, e daquilo que pretendo investigar, ou seja, as condições de possibilidade de produção de sujeitos surdos nas malhas da normalidade, fico a me questionar: Quais as condições de possibilidade presentes em nossa sociedade para a produção e efetivação de uma estrutura social futura? Que entrelaçamento esse processo civilizador engendra na produção e instituição de sujeitos educáveis, dóceis, úteis? O que se compreende, na contemporaneidade, por civilização mediante as atrocidades vivenciadas corriqueiramente nas relações sociais?

Enfim, o que posso afirmar que esta obra me faz pensar, me faz refletir, me faz olhar de outra forma aquilo que vem se constituindo na sociedade contemporânea: o sujeito da Educação.
ARIÈS. Philippe. Os Dois Sentimentos da Infância. IN.: ______. História Social da Criança e da Família. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabarra, 1981, p. 156 – 164.

Na obra desenvolvida por Áries é efetivado um retrato da condição de infância, se é que seja possível afirmar uma condição de infância na Sociedade Medieval. Nesta sociedade o sentimento de infância não existia, ou seja, não significava o mesmo que afeição pelas crianças, à consciência da particularidade infantil, a particularidade que distingue a criança do adulto, mesmo jovem. Essa situação permitia que a criança, assim que conseguisse viver sem a presença/cuidado constante da mãe ou da ama, ingressava na sociedade dos adultos e não se distinguia mais deles.
A indeterminação da idade era sentida em toda a atividade social: jogos, brincadeiras, profissões, armas. Em todas as representações coletivas as crianças aparecem, estão inscritas em todos os lugares, pois, assim que a criança superava o período de alta mortalidade ela se confundia com os adultos. No entanto, no século XIV, a arte, a iconografia e a religião procuraram admitir uma personalidade que existia nas crianças, bem como, o sentido poético e familiar que se atribuía à sua particularidade.
Com a evolução do Putto, do retrato da criança, entre outros, começou a produzir, pelo menos nas camadas superiores, a partir do século XVI e XVII um traje diferenciado que distinguia a criança dos adultos. Surge, portanto, um novo sentimento: a paparicação, ou seja, a criança, pela sua ingenuidade, gentileza e graça, se torna a fonte de distração e de relaxamento para o adulto. Esse sentimento surge no meio familiar tanto das classes mais abastadas, quanto das classes pobres.
Por outro lado, entre os moralistas e educadores do século XVII forma-se outro sentimento da infância: o início de um sentimento sério e autêntico da infância. É preciso conhecer melhor a criança para assim, poder corrigi-la , busca-se entrar na mentalidade das crianças para poder adaptar de forma mais eficaz seu nível aos métodos de educação. Esse sentimento provém de uma fonte exterior à família: dos eclesiásticos ou dos homens da lei, raros até o século XVI preocupados com a disciplina e a racionalidade dos costumes. O que esses moralistas percebiam nas crianças eram seres frágeis, criaturas de Deus que necessitavam ser preservadas e disciplinadas.
Já no século XVIII estabelece-se a esses dois sentimentos um novo elemento: a preocupação com a higiene e a saúde física, visto que, os moralistas estavam preocupados com o cuidado do corpo, no entanto, somente dos doentes. Assim, torna-se possível relacionar essas breves noções sobre os sentimentos da infância mediante os sentimentos que perpassam o atual contexto educacional, ou seja, o sentimento de pertencimento a um grupo social e cultural, determinado infância, um grupo que requer uma série de produtos e serviços. A Pedagogia cultural contemporânea requer uma atenção especifica à produção midiática da infância. Ao adentrarmos no espaço educacional nos deparamos com diversos sentidos e produções de infância que são veiculados pelos mais variados meios de comunicação e atravessam a produção dos sujeitos. Fico assim a me questionar o que estamos fazendo da infância? Não estamos reproduzindo contextos históricos em que o sujeito capaz de realizar determinadas ações já se torna membro de um grupo social adulto? De que infância estamos falando? Quais as marcas culturais que atravessam a infância contemporânea? Que condições permitem compreender a infância dentro de uma nova discursividade?
Sinto-me tocada, sinto-me atiçada a questionar de forma ilimitada a compreensão cultural que a infância vem adquirindo nos ditames da era pós-moderna, da era globalizadora, da era tecnológica...eis assim... uma reconfiguração, uma reversão nas formas de ver e compreender a infância...eis a possibilidade de suspeita e de tensionamento da produção de um sentido de infância...percebo ser necessário adentrar em outras leituras, para poder visualizar estas questões de forma, se possível, mais clara.

sábado, 6 de dezembro de 2008

INCLUSÃO = EXCLUSÃO

Inserir no mesmo espaço o diferente o inominável...
Negar, desativar, ordenar a diferença...
Canalizar e criar novos significados, novas formas de se manifestar...
Ludibriar aquilo que nos perturba, conduzir para o silêncio...
Unificar a pluralidade, fazer surgir uma única realidade...
Segregar o outro nas diversas formas de camuflar sua diferença...
Aniquilar o inominável trazendo-o para o lócus do governamento...
Omitir a cultura, a língua, a identidade e as formas de se fazer representar...

Ficam evidentes nesta transversalidade os atravessamentos produzidos pelas técnicas de controle e de vigilância postas em operação pela maquinaria escolar frente à discursividade inclusiva exposta na vitrine dos planejamentos e políticas educacionais.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

SENTIMENTOS...

Sentir frustração pelo incompreensível...
Encruzilhadas indecifráveis, inconvenientes...
Não saber como agir/ reagir / contra agir...
Testemunho e efetivação de relações de poder...
Incapacidade de articulação e/ou compreensão...
Memórias (...) ou seriam desmemorias...
Escapar da realidade, fugir do convencional...
Nada, vazio, brechas, lacunas, frestas...
Timidez, vergonha, indignação, fracassos...
Obscuro, nebuloso, incerteza...
Soluções... contradições...

Através dessas palavras destaco aquilo que me passou, aquilo que me tocou diante da proposta de colocar-se na posição do outro.

Abraços
Graciele Marjana Kraemer

sábado, 15 de novembro de 2008

ALGUMAS BREVES NOÇÕES...

Nas artimanhas da presente temporalidade existem possibilidades e interconexões que sinalizam outras formas de ver e narrar o espaço educacional. Estamos inseridos num contexto ambíguo, nefasto, maleável, transitório, líquido e de incertezas do porvir. É possível argumentar que a sociedade contemporânea solicita aos seus membros a permissividade de estar presente, de estar atento, ou ao lado de uma gama informacional imensurável. As transformações tecnológicas, os avanços científicos, as bio-descobertas, as comunidades virtuais, deslocam os sujeitos de um espaço concreto, para um espaço tangencial.
Neste cenário configuram-se proliferações culturais híbridas, as malhas sociais estabelecem formas de ser e de agir que se entrelaçam aos mais variados contextos e realidades. Nos encontramos como párticipes das eleições norte-americanas, questionamos a situação de miserabilidade africana, presenciamos incrédulos a deflagração da crise econômica mundial, acionamos a autodefesa sobre as guerras étnicas e religiosas que assolam populações inteiras, nos auto-definimos sujeitos democráticos instituindo programas de acessibilidade e propostas inclusivas porém, camuflamos nosso ceticismo perante essas diferentes realidades pela fragilidade de nossos argumentos inconsistentes.
Trazer para dentro das discussões educacionais estas questões, dentre outras, permite compreender que a escola se torna o espaço onde se deslocam as variantes epistemológicas que ditam aquilo que é favorável e aquilo que deve ser dispensado do cotidiano e dos planejamentos educacionais. Dentro desse ambiente, o currículo é o centro de proliferação e irradiação das propostas lançadas pela sociedade do controle, onde, o sujeito passa a ser vigiado em sua produtividade, em sua eficácia e docilidade. A investigação, a pesquisa, a problematização de posições hierárquicas, de estratégias herméticas e convenções historicamente estabelecidas no espaço educacional, requer emaranhar-se num complexo cenário, de certa forma, nebuloso, ou então, ambíguo.
Para efetivar algumas discussões dentro da proposta de uma pedagogia contemporânea que respeita as diferenças, é necessário estar disposto a questionar o que está nos bastidores dos acontecimentos sociais e das problematizações empreendidas na escola. Não basta um olhar atento, é necessário abrir-se ao novo, ao diferente, ao desconhecido, sendo isso, o âmago do rigor científico. Percebo que inúmeras vezes nos deixamos conduzir pelo senso comum, pela informação superficial e parcial, sem nos determos em maiores questionamentos e enfrentamentos, abdicando de prováveis constrangimentos. Isso está fortemente enraizado no currículo escolar, nas metodologias, nas estratégias de atuação e acaba fabricando sujeitos insossos, sem opinião própria, plagiadores de idéias e formas de se manifestar.
Diante da possibilidade de pesquisa, de enfrentamento, o autor, professor, pesquisador, busca artefatos, circunstancias que orientam e norteiam condições de suspeita, condições de instabilidade, condições de insatisfação. Entendo portanto, de forma breve, e quem sabe contundente, que dispor-se a pesquisar, solicita uma insatisfação do pesquisador referente àquilo que está posto, aquilo que se “diz ser bom”, aquilo que se quer almejar. Isso orienta também o trabalho em Educação Especial, a insatisfação, a incerteza do porvir, mas o desejo de trazer para a superfície o que está camuflado pelos discursos normativos.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

A CENA ESCOLAR ATRAVÉS DE PALAVRAS...




Graciele Marjana Kraemer
Educadora Especial

Para dar início às discussões em Educação, é necessário estar disposto a ver de novas formas, olhar com outros óculos, ver nas entrelinhas, imbricar-se em novos caminhos. Eis, portanto, a tarefa a qual me proponho: pôr em palavras, trazer pelas palavras, deixar vir através de palavras as possibilidades e interconexões vivenciadas em Educação. Palavras que criam, palavras que produzem estilos, formas e metodologias educacionais. As palavras fabricam os sujeitos dos quais falam. Palavras controversas, em formação, subjugadas, palavras poderosas e/ou em posição de poder. As palavras estão presentes em todos os espaços, nas entrelinhas das narrativas curriculares, nas nuances entre a cultura e a identidade, na eficácia dos enunciados performativos.
As palavras nos tornam reféns de sua produtividade, elas nos cercam em sua rede discursiva, as palavras nos capturam e interligam as diferentes faces por elas proporcionadas. São as palavras que organizam a identidade e a cultura dos sujeitos. As palavras reproduzem condições sociais, saberes e tecnologias de controle, elas nos colocam em posição de suspeita. As palavras constituem e demarcam posições, estabelecem formas de ser e de agir, traçam fronteiras entre o pensável e o impensável, entre o dizível e o indizível.
Somos constituídos pelas palavras, no entanto não são palavras aleatórias, efêmeras, fugazes e sem demarcação. As palavras que nos constituem enquanto sujeitos detentores de algum conhecimento, de alguma posição, emergem de produções arraigadas em temporalidades e espacialidades específicas, situadas no lócus discursivo da vigilância, do cuidado, do controle, da docilidade. As palavras surgem na relação dialógica.
Estamos inseridos numa espacialidade ambígua, truncada, inconstante, frágil, líquida e de comutação de informações. Esse período é analisado por um grupo de autores como a Pós-Modernidade. A ambigüidade que cerca os sujeitos e suas identidades é decorrente de tensões e conflitos experenciados pelos grupos culturais subjugados. Nas fendas da produtividade discursiva emanam as marcas, os traços, as representações sobre os indivíduos, ou seja, aqueles que se encontram nas amarras da normalidade, e os outros dispostos nas fronteiras da norma.
A segregação, a distinção, o tornar-se visível são mecanismos operacionais engendrados pela sociedade do controle. Esses mecanismos não operam mais a partir do modelo panóptico analisado por Foucault nas instituições prisionais, nos hospitais psiquiátricos. O modelo panóptico contemporâneo cria novas formas, ele está em rede, nas comunidades virtuais, nos fios que ligam aos microcomputadores à rede mundial de informação, nas narrativas presentes na programação televisiva dos seriados, das telenovelas, nos outdoors, nas roupas e produtos. As marcas de roupas, calçados, os cortes de cabelos, os apelos da mídia para a comercialização de diversos produtos legitimam manifestações culturais contemporâneas.
Assim, as noções de espaço, tempo, comunidade, identidade e cultura são re-significadas. Os acontecimentos de um determinado lugar podem estar ocorrendo simultaneamente em outros espaços, esse processo interfere na constituição de identidades híbridas, camufladas, visto que, somos formados, reformados e formamos os sujeitos aos quais falamos. A partir disso podemos entender que a vasta gama de artefatos tecnológicos ocupam um lugar pedagógico na cultura.
Entrelaçar a mídia ao campo da Educação, trazer para dentro das produções pedagógicas as narrativas, os discursos apresentados e disponibilizados pela mídia, permite entender que as fronteiras da pedagogia encontram-se borradas. Quando analisados a partir dos Estudos Culturais, esses artefatos trazem em seu interior uma pedagogia, um currículo cultural, eles corporificam identidades, culturas, representações; produzem significados.
Quando iniciei este ensaio deixei claro que seria necessário usar outros óculos, ver de outras formas, visto que, essa é a característica central e que norteia as pesquisas desenvolvidas a partir dos Estudos Culturais. Efetivar pesquisas e debates em Educação requer a disponibilidade de colocar sob suspeita as narrativas pedagógicas, os currículos e os discursos que atravessam as cenas escolares. Eis portanto, palavras...

REFERÊNCIAS:
FOUCAULT, Michel. A Ordem do Discurso: aula inaugural do Collège de France. Trad. SAMPAIO, Laura Fraga de Alemida. 13 ed. São Paulo: Edições Loyola, 2006.

HALL, Stuart. A Centralidade da Cultura: notas sobre as revoluções de nosso tempo. Porto Alegre: educação e Realidade, v. 22, n. 2, 1997.

HALL, Stuart. Quem Precisa de Identidade? In: SILVA, Tomaz Tadeu da.
(Org.), HALL, Stuart. WOODWARD, Kathryn. Identidade e Diferença – a prespectiva dos Estudos Culturais. 4 ed. Petrópolis: vozes, 2000.

LARROSA, Jorge., SKLIAR, Carlos. (Orgs.) Habitantes de Babel políticas e poéticas da diferença. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.

LARROSA, Jorge. Pedagogia Profana Danças, piruetas e mascaradas. 4 ed. 1ªreimp. Belo Horizonte: Autentica, 2003.

SILVA, Tomaz Tadeu da. O Currículo como Fetiche – a poética e a política do texto curricular. 2 reimp. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.

SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de Identidade: uma introdução às teorias do currículo. 2 ed., 9 reimp. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.